NA RTP no programa "Linha da Frente" passou uma reportagem sobre "A rota Africana", em que falava sobre os descendentes africanos no Alentejo, em que alguém dizia que as pessoas tinham vergonha de assumir, as suas origens. A pessoa só se esqueceu que essa memória foi apagada coletivamente, muitos de nós somos o resultado uma mistura de culturas, e isso não é falado, claro que a maioria de nós temos sangue africano, o escravos quando foram libertos não se evaporaram... Diluíram-se na sociedade, quer queiram quer não. Muitos usam apelidos pomposos, julgam ser descendentes de casas brasonadas, mas esquecem-se que os serviçais, negros ou não, para serem identificados acudiam pelo apelido da casa brasonada. São temas muito mais complexos que curiosamente ninguém quer falar.

E assim passou um ano... Quantos se terão lembrado? Tudo parece indiferente, a banda tocou nas romarias, as pessoas desfrutaram das fériad, os festivais aconteceram... A grande questão o que é que mudou em nós? Eu ganhei um medo inesperado... Se já tinha medo dos imprevistos, agora então... tenho medo pelos meus filhos. Tenho medo do imprevisto... Tenho medo da dor maior...O que fica em nós? O que ficou? O que ficará? Não somos nada, a vida pssa como se não tivesse acontecido nada, passa indiferente. /p>

 Existem coisas que não se explicam, sentimentos inexplicáveis, que ficam debaixo da nossa pele, que ficam gravados na memoria e na alma...

Sitios onde nunca estivemos mas que sentimos que estivemos lá toda nossa vida...

Sitios que sentimos que ficou um pouco de nós...

Pessoas que nos deixaram mas que ficaram em nós...  que não se explica...

Hoje, faria anos não sei quantos talvez os 100 ou 102...  Ficarias feliz quando hoje te dessem a lembrança do dia do pai, mesmo sem o teres sido... Fica a saudade! De um homem que apesar se tio fez o papel do avô, não foi o único mas foi o que partiu por último.

Quanto ao meu pai, nem sei se tenho palavras... Para mim o melhor homem... Que me ensinou tanto...  e ensina todos os dias...

Hoje era parecer um dia feliz, chegámos às Bodas de Rosa.

Mas não... Tudo se enevoou...

Com sua inesperada partida...

Quanto mais o tempo avança mais acredito que trazemos o destino traçado...

Agora que tudo parecia encaminhado...

Não consigo imaginar a dor...

Aos 42:

Tenho um mestrado (em banho maria à 9 anos)

Um MBA (completo)

2 filhos ( + 1 vazio no coração)

Uma mobilidade como Assistente Técnico

Aos 43 terei ????

Ao ver o programa "Candidatos/as" da RTP fizeram a seguinte questão: "Qual a maior transgressão da sua vida?"

Assim, à primeira vista diria nenhuma... como disse uma candidata "Eu sou muito certinha!"

Mas pensando melhor todos nós transgredimos, quem nunca estabeleceu uma meta para si próprio, e depois transgrediu dizendo para si: "É só desta vez!" 

Eu nível alimentar, nem vos conto nem vos digo!

E a propósito de alimentar acho que a minha maior transgressão foi entrar numa piscina pública encerrada para "tirar um pouco de àgua para lavar uns tomates"

E nem gosto de tomate...

E não vale a pena fazer mais juízos de valor, eu já admiti que foi a maior transgressão.

E já prescreveu porque foi há mais de 20 anos, e nessa altura os telemóveis, ainda não tiravam fotos nem filmavam....

Aos 41 roubei um bocadinho de tempo da minha familia, para ter um tempinho só para mim. E fui à apresentação de um livro.

Mas aos 42 foi sem duvida um dia extraordinario, a minha terra recebeu uma série de verdadeiros "notáveis", pessoas que se destacam na área da literatura, cultura e educação.  Para uma inauguração de um Polo de Cultura... Aturam os grupos da terra e eu fui ver a minha mãe e o meu filho...

Se tive festa habitual?  Não, não tive, mas valeu a pena!

Vai ser uma data marcante sempre, no dia em que fiz 42 anos tive oprtunidade de estar com a Pilar del Rio,  Francisco José Viegas,  José Luís Peixoto, Mário dos Santos Martins, Luís Jacob, entre outros mais ou menos conhecidos...

42

O tempo passou rapido, mas hoje não é isso que me atormenta nem  me anima...

Hoje sinto um afastamento, que nem sei explicar...

Sem as crianças por casa, ele nem tentou aproximar-se, se fosse ao contrario, eu teria arranjado o teu jantar preferido ou teria ido jantar fora contigo, coisa que não fazemos os dois sozinhos à tanto tempo.

Mas tu pegaste no portatil e deixaste-me sozinha à hora de jantar...

Tantos anos juntos e continuas sem saber me agradar...

Eu que até nem sou exigente...

Nem tentaste passar um bocado comigo...

Não sei se quero isto para a minha vida...

Não  era suposto ser ontem, mas fez ontem 4 meses que soubemos que partiste...

Teria tentado celebrar mais a tua vida e não a tua partida.

Mas foi uma cerimónia linda, talvez se te tivéssemos dito o quanto te amavamos...

É  uma das lições que fica...

4 meses tão pouco tempo,  mas ao mesmo tempo parece que já estamos sem ti há tanto tempo...

Como se a vida passasse a ter 2 compassos,  o tempo que passou efectivamente 4 meses, e o tempo em que estamos sem ti... (outra vida).

Porque nada será ou é igual...

A tua ausência estará sempre presente! E a minha timidez não dá para dizer nada...

Não sei porquê,  mas sofro e muito!

Pergunto-me qual a lição  o que me está a escapar? 

Será que ontem naquela sala repleta, alguém se perguntou o mesmo? Será que alguém tem uma resposta?  Porque a tua vida e o teu derradeiro acto, não pode ser, simplesmente isso o fim... tem de ter alguma maior como teve a tua vida...

Seres extraordinários têm vidas mais concentradas e necessariamente mais curtas...