11
Jun05
Ela chegou a casa já de noite, trazia a pasta e as compras numa mão e na outra a cadeirinha do bebé. Mais uma vez ia ficar arrumada num canto por uns tempos.
Começava de novo a correria casa-hospital, hospital-casa. O bebé tinha de ficar outra vez hospitalizado, desde o início da sua pequena vida que passa grandes temporadas lá.
Ela continua a tentar trabalhar fora de casa, mas quando arranja um novo contrato e tudo parece estar a endireitar-se, o bebé piora.
O pai do bebé, seu amado marido mal os pode acompanhar, precisa de trabalhar para sustentar a casa.
Estão juntos mas nunca se vêem há tanto tempo que eles não se abraçam, que não se beijam.
Nesta época em que somos bombardeados com o culto do corpo, é estranho olhar para eles e saber que não têm tempo para se amarem.
Ele trabalha noite e dia. Ela passa os dias no hospital, só vem a casa deixar algumas compras que faz numa correria, toma um banho e volta para a cabeceira do filho, e só o pode fazer enquanto ele está junto do bebé.
Quando chegou perto da porta pensou como queria que ele estivesse ali e que estivesse bem.
Colocou as coisas no chão e abriu a porta, sentiu o cheiro a casa fechada, aquela já não era a sua cãs nem o seu cheiro já tinha. Acendeu as luzes da cozinha
Ele nem tinha tido tempo para acabar de comer, ela passou a mão pelas costas da cadeira, como podia ter-lhes acontecido algo tão drástico?
Decoraram a casa a pensar nos futuros filhos. Era o sonho deles, ter filhos, imaginaram e adaptaram a casa aos futuros filhos sonharam com os seus passinhos pela casa. Os fins-de-semana em família As crianças a brincarem no quintal
E na realidade tudo estava vazio. A casa deserta
Eles sonharam tanta coisa juntos, construíram tantos castelos no ar, esforçaram-se para realizar os sonhos, depois apareceu aquela maldita doença que quase lhes rouba o filho e os fez mudar de vida.
Já não vivem para eles, nem tempo tiveram para ter aquelas crises conjugais do pós-parto. Mal se vêem desde aquele dia em que ele foi chamado a meio da noite. Largou o trabalho a correr para o hospital quando lá chegou ela já estava na sala de partos.
Foi a tortura na sala de espera acendeu um e outro cigarro, tinha deixado de fumar antes de ambos decidirem ter um filho, tinham feito de tudo para que a criança não viesse a sofrer com os erros deles.
O médico chegou com uma cara demasiado fechada levou-o para o consultório e disse-lhe o que se passava, afinal o seu bebé não era saudável e tinha de ficar internado, naquele momento ele pensou que estava a viver um pesadelo e que ia acabar, mas naquele instante não lhe passava pela cabeça o tamanho do pesadelo que teria ainda pela frente.
Passado este tempo todo, ouvem-se os comentários dos vizinhos e amigos: Era melhor que o bebé morresse, aquilo nem é vida para o bebé nem para os pais.
Ela tomou o seu banho, meteu alguns produtos de higiene pessoal dentro da mala de mão e saiu, estava na hora de voltar para o hospital. Quando já vinha a descer as escadas, ouviu o telefone, correu de novo para casa. Quando levantou o auscultador Ouviu-o sussurrar perdemo-lo. Depois fez-se um grande silêncio!
As lágrimas correram pela face de ambos, mais uma vez não se puderam abraçar num momento tão difícil. Tiveram de suportar cada um a sua dor e enfrentar o choque isoladamente.
Começava de novo a correria casa-hospital, hospital-casa. O bebé tinha de ficar outra vez hospitalizado, desde o início da sua pequena vida que passa grandes temporadas lá.
Ela continua a tentar trabalhar fora de casa, mas quando arranja um novo contrato e tudo parece estar a endireitar-se, o bebé piora.
O pai do bebé, seu amado marido mal os pode acompanhar, precisa de trabalhar para sustentar a casa.
Estão juntos mas nunca se vêem há tanto tempo que eles não se abraçam, que não se beijam.
Nesta época em que somos bombardeados com o culto do corpo, é estranho olhar para eles e saber que não têm tempo para se amarem.
Ele trabalha noite e dia. Ela passa os dias no hospital, só vem a casa deixar algumas compras que faz numa correria, toma um banho e volta para a cabeceira do filho, e só o pode fazer enquanto ele está junto do bebé.
Quando chegou perto da porta pensou como queria que ele estivesse ali e que estivesse bem.
Colocou as coisas no chão e abriu a porta, sentiu o cheiro a casa fechada, aquela já não era a sua cãs nem o seu cheiro já tinha. Acendeu as luzes da cozinha
Ele nem tinha tido tempo para acabar de comer, ela passou a mão pelas costas da cadeira, como podia ter-lhes acontecido algo tão drástico?
Decoraram a casa a pensar nos futuros filhos. Era o sonho deles, ter filhos, imaginaram e adaptaram a casa aos futuros filhos sonharam com os seus passinhos pela casa. Os fins-de-semana em família As crianças a brincarem no quintal
E na realidade tudo estava vazio. A casa deserta
Eles sonharam tanta coisa juntos, construíram tantos castelos no ar, esforçaram-se para realizar os sonhos, depois apareceu aquela maldita doença que quase lhes rouba o filho e os fez mudar de vida.
Já não vivem para eles, nem tempo tiveram para ter aquelas crises conjugais do pós-parto. Mal se vêem desde aquele dia em que ele foi chamado a meio da noite. Largou o trabalho a correr para o hospital quando lá chegou ela já estava na sala de partos.
Foi a tortura na sala de espera acendeu um e outro cigarro, tinha deixado de fumar antes de ambos decidirem ter um filho, tinham feito de tudo para que a criança não viesse a sofrer com os erros deles.
O médico chegou com uma cara demasiado fechada levou-o para o consultório e disse-lhe o que se passava, afinal o seu bebé não era saudável e tinha de ficar internado, naquele momento ele pensou que estava a viver um pesadelo e que ia acabar, mas naquele instante não lhe passava pela cabeça o tamanho do pesadelo que teria ainda pela frente.
Passado este tempo todo, ouvem-se os comentários dos vizinhos e amigos: Era melhor que o bebé morresse, aquilo nem é vida para o bebé nem para os pais.
Ela tomou o seu banho, meteu alguns produtos de higiene pessoal dentro da mala de mão e saiu, estava na hora de voltar para o hospital. Quando já vinha a descer as escadas, ouviu o telefone, correu de novo para casa. Quando levantou o auscultador Ouviu-o sussurrar perdemo-lo. Depois fez-se um grande silêncio!
As lágrimas correram pela face de ambos, mais uma vez não se puderam abraçar num momento tão difícil. Tiveram de suportar cada um a sua dor e enfrentar o choque isoladamente.