Talvez a vida seja mesmo um ciclo...
Milheiras
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Hoje enviei uma carta para o teu pai. Não consigo imaginar com que dor ou indignação a vão receber. Tentei evitar que a carta fosse em nome do teu pai. Pedi se não podia enviar para o cabeça de casal da herança. Responderam-me que não, que tinha de ir em nome do teu pai. Talvez esteja a ser pretensiosa, o teu pai que também era um bocadinho meu. Assim como os teus avós também eram um bocadinho meus. Sempre ao longe, mas tenho padecido das vossas dores, e das poucas alegrias. Sempre tive uma adoração por ti, eu e uma data de miúdas lá da escola. Mas eu estive sempre mais longe de ti, em crianças brincávamos juntos com os cowboys e os índios da playmobile, que tu tinhas. Depois quando fomos para a escola dos grandes separamo-nos. Lembro de voltar a tua casa por 3 vezes, uma que ficaste doente em casa, de outra vez que caíste de bicicleta pela barreira enquanto esperávamos pela catequese e a outra é última, quando a minha mãe me obrigou a ir visitar - te, depois do acidente. Na minha cabeça desde que apareceu a Didi, só tiveste olhos para ela. Ainda hoje acho isso, talvez por isso nunca simpatizasse com ela. Houve alturas que estivemos mais próximos, quando andámos na explicação juntos, se tu soubesses o que significou na altura ter ido contigo a casa da tua tia e partilhar contigo o banco da frente... E depois quando nos encontramos na farmácia um dia antes do acidente. Se soubesses o quanto me marcou o que passaste... Tanto que achei melhor afastar - me de vez... Depois a morte dos teus avós.... E agora o teu pai... Foi o primeiro pai que partiu dos nossos colegas de escola. E quando te fui cumprimentar e os teus olhos se arrasaram de lágrimas, eu senti que não estavas à espera que eu estivesse ali... E eu não esperei que te emocionasses e emocionei-me. Tal como me emocionei hoje quando vi a carta para o teu pai.
(imagem retirada da net)
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