A vida
Milheiras
Na realidade não estou sozinha mas é como se estivesse... O meu filho de 11 meses não me pode ajudar muito... Eu é que tenho de o ajudar, na realidade até ajuda, aquele sorriso dele faz desaparecer qualquer nuvem mais negra, mas não me posso por a contar ou até mesmo a chorar os meus problemas para ele.
Sempre tive um relação muito especial, difícil de entender aos olhos dos outros, mas sempre correu bem, eu tinha independência financeira, traçava os meus objectivos e investia nos meus sonhos...Com apoio ou sem apoio, eu ia....
Às vezes queixava-me da solidão que sentia, mas logo arranjava mais qualquer coisa que me fazia esquecer tudo isso ( Trabalhava 40/semanais como secretária, dava formação e frequentava um curso á noite todas as 3ªs e 5ªs, e estava a tirar a minha 2ª licenciatura), na verdade não tinha muito tempo para pensar na solidão...
Quando engravidei, foi a melhor noticia da minha vida...Mas a minha vida começou a abrandar, 1º deixei de dar formação, depois deixei de ir ao curso, depois fiquei de baixa, logo deixei de trabalhar, o menino nasceu, vivi para ele uns quantos meses, deixei a licenciatura suspensa. Depois voltei à licenciatura e ao trabalho, depois fui despedida.
E agora sinto um enorme vazio...
Talvez esteja desmotivada...deprimida...Precisava de me sentir mais acompanhada em casa, mas não sinto. Se calhar até faço mal, mas acabo por fugir para quem me dá apoio e me ajuda, os meus pais...E cada vez me sinto mais distante da minha casa... Não tenho vontade de a arrumar, nem limpar, não importa... Só me quero sentir acompanhada... è como se a casa já não tivesse significado, é como se eu já não me sentisse parte desta casa...E então dói, dói muito....