Pesadelo Real... 6 de Maio
Milheiras
Desde o dia 3 de Maio pelas 16 horas até ao momento que tenho vivido um pesadelo real...
Foi horrível fisicamente, mas psicologicamente é melhor nem falar, porque continua a ser horrível, embora por momentos consiga esquecer o que se passou...
Desde o momento em que soube que o feto não tinha batimentos que a dor na alma é lacerante...
No dia 4 passei o dia todo a chorar, a desejar que a morte saísse de dentro de mim...
A física só começou na noite de 3 para 4 de maio e intensificou-se na noite de 5 para 6 de maio, a que culminou com a expulsão do feto por volta das 7 da manhã do dia 6 de Maio, mas com contracções até por volta das 13 horas, ironicamente na véspera do dia da Mãe.
O médico tinha-me explicado tudo o que poderia acontecer, e caso acontecesse para lhe ligar, mas também disse que se não acontecesse nada que no dia 8 segunda-feira teríamos de tratar de tudo.
Com mais alguma ajuda da Internet, estava preparada para perceber o que se ia passar comigo e com o meu corpo...
Por isso quando senti aquele corrimento incontrolável saltei da cama e corri para casa de banho deixando um rasto de sangue e levando o telemóvel comigo para chamar o meu marido, em pleno processo telefonei para o trabalho e pedi-lhe que viesse...
Senti sair aquela bola suave, que não tive coragem de ver , pensei que ia desmaiar, bati na minha própria cara com a mãos molhadas em água gelada, nem sei qual dor era mais incapacitante parece que se tinha partido alguma no meu peito e as entranhas sangrando, saindo depois varias vezes bolas suaves mas mais pequenas... Não tive coragem para ver o que saiu...
Abracei o meu marido, nem coragem tive para chorar...
Sabia que a morte não podia continuar a habitar o meu ventre, mas o que saia de mim não era a morte, era o meu filho...