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Adivinha!

Adivinha sobre o que vou falar hoje? Um sitio onde posso falar de tudo o que me apetece...

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Adivinha!

05
Set16

Como sabemos que estamos velhos?


Milheiras

Este post tem a sua inspriração no Post  do Blog Em busca da Felicidade! Mais precisamente na nota final que passo a transcrever:

"Nota final: eish, borrachas laranja e azul para apagar caneta! eish, o Michael Knight! Eish, estamos velhos, pá!"

 

Depois de ler isto, comecei a recordar as coisas que me fazem sentir velha, e são tantas...

Eu ainda sou do tempo...

 

... em que grandes rebanhos de ovelhas atravessam as ruas da vila e as mulheres à porta de à espera que elas passassem, depois desciam os seus "piais"  munidas de pás pequeninas e vassourinhas de palha, curvadas sobre a rua apanharem as "caganitas" para colocarem nos vasos das flores...

 

... eu aindo sou do tempo em que em todas as ruas havia mulas ou burros e que muitos entravam pela porta principal...

 

...ainda sou do tempo em que os homens estacionavam as motorizadas à porta do barbeiro para verem os calendários de mulheres nuas que cobriam a parede da barbearia, e a que a porta se encostava para qualquer criança ou senhora mais curiosa...

 

... ainda sou do tempo em que só comia frango assado quando vinha há Feira (2 vezes por ano)...

 

... ainda sou do tempo de andar de carreira, para todo o lado que fosse preciso sair da vila...

 

... ainda sou do tempo das mercearias...

 

... ainda sou tempo em que trazias as cadeiras e mochos e para rua nas noites quentes de verão e conversavamos uns com os outros e nas noites de torada abriasse a janela para ver a tourada da rua.

 

... ainda sou do tempo em televisão era a preto e branco...

 

...ainda sou do tempo de acordar com a música "António Saala" da rádio...

 

....das borrachas laranja e azul e apagavam caneta e furavam folhas....

 

E vocês?

 

 

 

27
Out14

Vitória


Milheiras

 

 

 

As mãos, pele fina de amor
pelo tempo e trabalho, amaciadas,
Mãos que suportam tudo e aliviam a dor
Cara enrugada, esculpida como se tivesse estradas,

Estradas de lágrimas, da saudade e arrelias
O peso dos desgostos e alegrias,
Transportadas num peito sem firmeza,
Onde se recebe abraços com força e gentileza.

Dentes perdidos por tantos risos dados
De profunda felicidade.
Corpo curvado com peso da responsabilidade.
Cabelos longos e agora brancos que tanto foram amados.

Fonte de paciência, carinho e compreensão,
Mas no fundo ainda habita a inquietude,
Tal como nos tempos de juventude,
Em que tudo tinha por base a paixão.

Porque todos olham e vêm o que foi perdido.
Não vêm, que a tua maneira de ser se tem mantido.

Todos te olham como uma velha, incapaz.
E tu perguntaste quando foi que eu envelheci?
Quando deixei de ser capaz?
Que eu nunca me apercebi…

(2013) Milheiras

 

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